8.11.11

Meu entendimento sobre a 'ocupação' da Reitoria da USP

No dia 27 de outubro, três alunos da USP foram detidos por posse de maconha. Sobre esse acontecimento, gostei muito da matéria publicada no Papo de Homem. Resido na cidade de São Paulo há 2 anos, apesar de, anteriormente, sempre passar férias por aqui. A impressão que eu tenho da Polícia Militar paulistana é que eles literalmente fazem do limão a limonada - é só acompanhar o Programa Brasil Urgente, apresentado pelo Datena, pra saber o que acontece por aqui.

A reportagem do Papo de Homem traz uma informação importante que não foi claramente divulgada pelos meios de comunicação em geral: "Tudo ocorreu porque a polícia recebeu uma denúncia anônima no meio da tarde, e identificando um carro pela placa, autuou em flagrante três estudantes que fumavam maconha no estacionamento da FFLCH, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas." http://papodehomem.com.br/8-mentiras-que-voce-anda-lendo-sobre-a-pm-na-usp/

A Polícia Militar, ao menos aqui na cidade de São Paulo, não tem tempo para enquadrar 3 pessoas dentro de um carro, que estão dentro da Cidade Universitária 'fumando um'. Aliás, os policiais devem presenciar ou 'cheirenciar' esse hábito algumas vezes ao dia, no mínimo - vamos deixar a hipocrisia de lado. Eu já estudei em uma Universidade Pública e já fumei muita maconha lá, portanto, sei bem como funciona.

Portanto: parabéns à Polícia Militar, que exerceu o seu papel, tanto no momento da abordagem quanto da reintegração de posse; parabéns à Reitoria da USP, que declarou que se a 'desocupação' do local não fosse realizada pacificamente até o prazo determinado (23 h do dia 7 novembro de 2011, uma segunda-feira), o objetivo seria (e foi cumprido) de qualquer maneira.

Quanto às pessoas que estiveram envolvidas nesse circo, considero lamentável que cabeças teoricamente mais pensantes que a grande além de realizar a invasão, depredaram o patrimônio que eles mesmos utilizam diretamente; agrediram jornalistas, profissionais que arriscam-se em busca da verdade; agrediram policiais militares, heróis que arriscam suas vidas 24 horas, com o objetivo de zelar pela vida dos residentes da cidade de São Paulo e, ainda por cima, ajudam a denegrir a imagem dos adeptos ao uso da maconha, droga nada diferente do álcool e do cigarro, a não ser por questões políticas.

Mais detalhes na folha.com.

Coloquei a imagem abaixo para não esquecer que o ocorrido no dia 27 de outubro NÃO É JUSTIFICATIVA para esse circo, assim como nenhuma das afirmativas que estão nestes cartazes são.

Imagem retirada de uma reportagem do Portal Terra.

Obrigada, senhores ocupantes, por colocar mais uma pedra no árduo e longo caminho da descriminalização da maconha no território brasileiro.

Lola Brochaska

4 comentários:

  1. Lola.

    Existem muitas formas de protesto que são muito mais eficazes do que as atitudes desses alunos. A rejeição que eles sofrem pelo resto da população agora é muito maior e o oportunismo dos partidos politicos tentando explorar a situação (afinal se alguem apanhar vão poder posar de coitadinhos e martires) terminam por invalidar qq bom motivo por trás disso tudo (supondo que houve algum).

    Imagine como tudo seria diferente se desde o momento que a PM pisou na USP tivessem feito uma greve de fome, ou uma série de manifestações pacificas onde a não-violência fosse a palavra-chafe? Só teriamos mais e mais adeptos! Mas não, foram explodir um confronto pois alguns alunos foram levados a delegacia para assinar um termo por posse de drogas!

    Mas usar maconha é crime? Talvez um dia deixe de ser, mas não vai ser apanhando da policia que isso vai mudar. A historia mostrou que pessoas como Gandhi e Martin Luther King conseguiram vencer mesmo sendo fracos fisicamente, pois estavam moralmente corretos. Mas eles queriam vencer e tornar o mundo melhor, e o pessoal da USP vive no mundo da lua e, agora, serão fichados na policia para que partidos e sindicatos tirem proveito.

    Ninguem lembra que o Pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo disparou uma arma e matou o senador José Kairala, do Acre em pleno congresso. Vivemos num país escandalosamente corrupto, logo existem varios exemplos no mundo onde a imoralidade é vencida sim pelo bem, basta ter estomago. Infelizmente temos uma geração de frouxos.

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  2. Oi @pac_man! Obrigada pelo teu comentário queridão!

    Concordo contigo que existem formas de protesto mais eficazes, que eles vão sofrer rejeição da sociedade, que muitos políticos irão beneficiar-se da situação e que tudo poderia ter sido diferente.

    Só não entendo porque uma parte a população universitária ficou desconfortável com a presença da PM por lá - não foram todos, a maioria dos estudantes aprova a presença da PM). Sabe, temos aquela ideia romântica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afinal, o Campus do Vale é um local em que a maioria dos frequentadores são os alunos, professores ou funcionários. O nome Cidade Universitária é porque literalmente poderia ser uma cidade - pra tu ter uma ideia, linhas de ônibus passam lá dentro (não estou falando de minhas internas, mas externas). Em determinados períodos, qualquer carro particular entra nas dependências da Universidade bem como qualquer ser caminhante. A violência por lá estava bem grande e esse ano aconteceu um assassinato no estacionamento da FEA-USP (link: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/estudante+e+assassinado+dentro+da+usp/n1596964133240.html), entre outras coisas. Fico imaginando o que não é divulgado.

    Então, na boa, a presença da polícia na Cidade Universitária é condição sine qua non, assim como em toda a cidade de São Paulo.

    Eu também ficaria chateada se eu estudasse lá, morasse com meus pais, não pudesse fumar maconha em casa e utilizasse o campus para fazer isso. Acredite, eu ficaria bem chateada. Mas pensa o seguinte: o que tu acha que vai acontecer se um cidadão acender um baseado dentro de um restautante, tipo o Outback?

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  3. Aparentemente a PM não deveria fazer esse trabalho, alias areas como os campus são bem dificeis de serem patrulhadas por questões urbanistas. Mas alguem tem sugestão melhor? Pagar segurança particular como se nem salario direitos os professores recebem?

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  4. Concordo, aparentemente a PM não deveria fazer esse trabalho. Mas aqui é a Selva de Pedra, bem longe de um ambiente ideal, onde procedimentos ideais não servem.
    É assim que as coisas 'não funcionam' nesta cidade.

    Achei interesante o link que tu me mandou: http://ocalangoabstrato.blogspot.com/2011/11/sobre-o-movimento-estudantil-da-usp.html

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