3.2.11

2 de fevereiro de 2011 - parte 2



Distraída, enquanto tudo isso acontecia, ia passando com passos largos e pesados, sem expressão alguma, falando ao celular. Suas pulseiras chacoalhavam... Fazia música urbana com toc-toc dos sapatos e o esfregar das coxas grossas, estava feito o acompanhamento. Como uma letra cotidiana e rotineira com muito sentido.

-Deixe o frango em uma panela grande com água. Não, não precisa colocar no fogo para ir mais rápido, até eu chegar já vai estar descongelado. Quando eu chegar falo com seu pai sobre isso. O que que eu já te disse?

Como se fosse a segunda voz da música, passava descontraido com o celular na orelha.
-Eu disse que quero te ver hoje. Você sabe o quanto quero te encontrar. Conto os minutos para ficar perto de você. Também te amo.

O cachorro magro e sujo saiu correndo, outros três cachorros correram em seguida. Dobraram a esquina. Latidos, uivos, gemidos e um motociclista todo ralado.

Maleta na mão, caneta no bolso da camisa. Currículo na mesa. Não. Saiu e foi até o bar da esquina. A ceveja já não aguentava mais o amendoin. Por mais que via o reflexo no copo amarelado pela cerveja, não se reconhecia. Sumia em si.
-Poderia falar que ela estava certa, isso se não fosse minha mulher De camisa aberta, cabelo com gel, conversava sem parar com o dono do bar. Tomou sua 14ª 'saidera' e saiu.


C.Fox

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