3.4.09

Bukowski, de saia

Em uma das minhas idas ao Wanderlei hoje, abri aleatoriamente um livro do Bukowski, que me fez lembrar meu primeiro e decadente apartamento: "A casa onde eu morava nessa época tinha algumas qualidades. Uma das mais bacanas era o quarto, pintado em azul escuro. Esse azul muito escuro oferecia um abrigo para muitas ressacas, algumas delas suficientemente brutais para matar um homem, sobretudo numa época em que eu engolia pílulas que as pessoas me davam sem me preocupar em perguntar o que eram." (Charles Bukowski, Hollywood, Capítulo 13)
Com exceção da cor das paredes (naquela época eu tinha medo de modificar a cor das paredes alheias) e das pílulas (não que esse capítulo é inexistente na minha vida, ele apenas ocorreu um ou dois anos mais tarde), me senti naquela peça, comprida e apertada, deitada na cama, que estava praticamente todos os dias efetuando movimentos circulares não uniformes (MRUV só nos livros de Física). Eram porres de vinho, vodka, cerveja e às vezes tudo junto. Aquela famosa frase "Eu nunca mais vou beber!" era rotineira. O melhor de tudo é que a Síndica do prédio, minha vizinha de porta, parece que me adivinhava quando estava neste estadinho lamentável e batia lá em casa, por volta do meio-dia, com um prato de "sopa salvadora". (Aliás, foi na casa dela um dor jantares mais pirados que compareci, mas isso é outra história.)
Bom, parece que o tempo passa e as ressacas continuam as mesmas: só mudaram as coordenadas geográficas.

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